2012-07-16

Dias 8 e 9 - Olimpo e planeta de volta


Dia 8 - Ao oitavo dia o filho fala do olimpo, o deus todo perante a metade dos pais. 


Dia 9 -  (hoje, finalmente, pai e filho): Ao reencontro já sabíamos que, mais importante do que o próprio abraço, é a perspectiva de nos podermos abraçar a cada véspera. 


PG-M 2012
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2012-07-12

Dia 7 - De dentro (que é ao lado)



Dia 7: Ao sétimo dia a clareza de uma das inconciliáveis certezas da vida: o que de nós saiu nunca esfria fisicamente no lugar de onde veio. Nós. Podemos convencer-nos de que os filhos se afastam -e devem afastar - desde o nascimento, mas o nosso metabolismo terá sempre essa carência no espaço: a de que voltem para dentro.


PG-M 2012
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Dia 4, Dia 5, Dia 6 - Cheiro, memória, almas que dobram


Dia 4 - Ao quarto dia vai-se em busca do cheiro que passava por nós todos os dias e que agora só resta nas arestas de certos objectos e numa camisola vermelha. Na presença, o cheiro passa. Na distância, o cheiro entra. Na presença mal se dá por ele. Na distância fere.

Dia 5 - Ao quinto dia tem-se noção de uma profunda inimizade com a saudade. De manhã discute-se com a memória. À tarde despreza-se a tipa. À noite ignora-se. Ou não se dorme. Amanhã é outro dia. Com memória:).

Dia 6 - Ao sexto dia o corpo continua sem se conformar. A alma, contudo, dobra.

PG-M 2012

2012-07-08

Dia 3 - Descrescimento



Quando um filho fica longe, o corpo mirra para o lugar que era antes de ele aparecer.
Não é importante, só áspero, que isso aconteça já sem a mesma possibilidade, já sem a mesma juventude.
Importante é perceber que a nossa altura é inversamente proporcional à distância dele. 
E achar isso bom.


PG-M 2012