Sempre foste a mais bela da rua
mas antes do medo, meu amor,
eu exaltava o teu cabelo
e as minhas mãos nele
agora não tens cabelo e
usas na cabeça um lenço com motivos indistintos
tens chorado ao espelho
preferes que não te toque
achas-te feia e fechas as
portas
já não há pretextos, meu amor,
ainda que os teus olhos tenham
uma tristeza comprida dentro
e ela escorra nas paredes e
faça ruído na escuridão
já não há pretextos
e está tudo igual,
excepto a beleza
que antes tinha detalhe
e o volume dos cabelos
e o engano da textura
e a ilusão do perfume
e agora é apenas
absoluta
PG-M
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